28/11/07
INTERVALO....
12/09/07
Cinema... com António Sala.
Familiares e amigos deram-nos toda a colaboração como actores.Em "Jogos Perigosos" participou o meu amigo de infância Fausto José Ferreira que também já estava a viver em Lisboa e que fez de meu irmão.
O objectivo deste e doutros filmes que fizemos era treinar
técnicas de filmagem e edição. António Sala que era o dono do material foi o câmara (e fez agora a voz off nesta síntese do filme que originalmente tinha cerca de 30 minutos) a mim coube-me interpretar, realizar e editar, durante longos dias nos "nossos estúdios", a casa da mãe e avós do António Sala.07/08/07
Faz-se caminho, caminhando...
Nas minhas recordações estou agora de abalada da minha terra natal.
Vais ser serralheiro mecânico, que é uma profissão de futuro! - determinou o meu pai.
Fui então como aprendiz de serralheiro para uma oficina do meu tio António Teixeira no Bairro S. Miguel e meses depois com o mesmo estatuto para a Mocar, representante da Alfa Romeo e da Peugeot. A certa altura consegui negociar com o meu pai:
Prometi e cumpri, apesar de algumas directas por causa do teatro e da rádio, tendo mesmo conseguido na Machado de Castro figurar no "Quadro de Honra" como resultado de muita aplicação, para que não houvesse problemas lá em casa e pudesse seguir os meus sonhos.

- Que pena, ser uma Revista. Gosto muito, como espectador, mas faltam-me aptidões para esse género, porque não tenho qualquer jeito para cantar, nem para dançar.
- Então qual é o teu nome artistico?
- Não tenho, chamo-me Evaristo António Gonçalves Nunes Forte (Evaristo para a família e Forte para os meus amigos)
- Evaristo... Evaristo não dá, faz lembrar aquela cena do Vasco Santana com o António Silva: "Ó Evaristo tens cá disto".
- Pois é... eu sei.
A certa altura o candidato revelava que fora tudo inventado, que apenas estivera "representar" tendo assim convencido o empresário com persistência e convicção que merecia um lugar no Teatro.
No final do teste fui contratado.
O sucesso do espectáculo fez-me esquecer os cansativos ensaios em Alverca para onde ia de comboio todos os fins de semana, após o almoço de sábado, regressando na madrugada de 2ª feira, só com algumas horas dormidas numa cadeira da plateia, enquanto aguardava a minha vez de ensaiar.
O espectáculo era cenograficamente luxuoso. Tinha cenários de Hernâni e Rui Martins, alguns utilizados em "Fogo no Pandeiro" e outros em "Há Festa no Coliseu".
Havia também temas musicais de êxito de Raul Portela a emoldurar os textos originais de Ramiro Correia e Silva Marques, que também assinava a produção com Fernando Amaral.

A estreia foi a 5 de Maio de 1960 (já lá vão mais de 47 anos!) referida pela Vida Ribatejana: "(...) a sala encheu-se de lés-a-lés. O espectáculo satisfez e houve números que foram entusiasticamente ovacionados (...) e terminou em apoteose com a apresentação, um a um, de todos os componentes que foram recebidos com muitas palmas" .
- A pé?! É longe e sempre a subir.
- Olhem, é melhor subir que descer. E isto é só o principio. Então o que é querem?! Toca a andar, porque amanhã é dia de trabalho!
Pelo caminho foram ficando, um a um, os meus companheiros, tanto naquele percurso, como mais tarde na vida artística.
Finalmente, cheguei a casa na Rua da Penha de França, mesmo junto a Sapadores.
A cidade estava a acordar e só tive tempo de tomar um duche, pegar na lancheira com o almoço que a minha mãe preparara de véspera, meter num saco o fato macaco de operário, pegar nos livros e sair a correr para mais uma semana de trabalho e de escola.
Havia ainda tanta estrada para percorrer, teria forças para isso?!
Mas daquela longa viagem a pé, sempre a subir, do Fanqueiro a Lisboa ficara a lição de que nunca se deve desanimar perante as dificuldades.
FAZ-SE CAMINHO, CAMINHANDO!
31/07/07
não basta querer
Era assim que respondia à clássica pergunta "O que queres ser, quando fores grande?".
Não fui músico nem aviador. Músicos conhecia os das Filarmónicas que acompanhavam as Procissões de Nª Senhora de Monte Carmo e aviões apenas de gravuras, como o que estava
pintado na "barraca do fotógrafo" onde fui "pilotar" com a minha mãe Maria de Jesus. Mas o meu querer mudou com a leitura.Aos quatro, cinco anos era tal a convicção com que o fazia, que parecia mesmo estar a ler, provocando a admiração entre os clientes da barbearia do meu tio Joaquim Forte, na Venda do Pinheiro, onde passei alguns dias da minha infância vestido com uma bata branca, igualzinha à que ele usou até ao seu último dia de trabalho.
Por volta dos seis anos, aprendi a ler pela Cartilha de João de Deus ensinado por D. Filipa Baião do Nascimento, que durante algum tempo viveu com o filho António na Rua do Alto da Neve, bem perto da minha casa.
minha idade, havia também a Terezinha e o Zé - mantive estreita ligação ao longo dos anos, mesmo em Lisboa onde os visitava na casa da Praça do Chile, até que os diferentes ritmos da vida nos foram afastando do convivio, mas não do meu coração.

De Lisboa vinha o "Titã" trazido pelo meu pai ao fim de semana e que aguardava com expectativa.
Praticamente a única excepção às leituras "eram as animadas festas do tóino da Amélia" que no olival em frente da sua casa armava um "arraial" com canas, decorado a preceito com "festões" que mais não eram que pedaços de papel de jornal pendurados em cordéis. Depois montava os "cavalinhos" e a "pista dos carrinhos" com pedras e troncos de árvores em circulo a "fazerem de conta" que eram o carroucel e num rectangulo para "circularem" os carrinhos de choque. "É só mais uma voltinha... Não subam, nem desçam com o carroucel em movimento". É entrar, é entrar!" O Eurico, o Zézinho e eu éramos os principais clientes dessas festas. Pagávamos com pinhões que apanhávamos ali perto e depois sentados nas pedras e troncos "rodávamos"... ao sabor da imaginação. Para criar ainda mais ambiente o António ia atirando ao ar pequenas canas, os foguetes, enquanto gritava: "vcheeeeee.... pum, pum, pum"! Era mesmo uma festa, podem crer!
Fora disso e sempre que podia ia para a "Quinta dos Estrangeiros" ao fundo da qual corria um pequeno riacho (com dois palmos de água) onde com o Victor Caetano e o Xico Casal, entre outros, cheguei a tomar banho em pelota.E até chegou a contar de como seria representado um dos milagres de Santa Isabel:

Anos mais tarde soube que a escritora se inspirava na vida real para desenhar o perfil das suas personagens, o caso mais conhecido é o da sua empregada Rosa que ainda hoje trabalha em casa do viúvo da escritora. O Domingos, por exemplo, um rapaz que aparece em A QUINTA DE S. BOAVENTURA, tem alguma coisa de mim ou pelo menos reflecte o que a autora via em certos aspectos da
minha maneira de ser, como me contou mais tarde a inesquecível grande amiga Odette de Saint-Maurice de que noutra altura hei-de de falar mais em pormenor. As personagens eram tão reais que muitos dos que "as conheceram" ainda vivem com elas. O Pedro Macedo, por exemplo, "um rapaz às direitas", tem hoje a minha idade, embora desde que Odette de Saint-Maurice nos deixou nada mais tenha sabido dele. A última coisa que li sobre o Pedro, já depois do 25 de Abril, era que ia para África, como médico, em missão humanitária.30/07/07
dos sapatos da pastora a um aperto de mão

E apertou com força a mão deste jovem principiante que eu então era e que ele vira a fazer de pastor ...
Não foi mais uma assinatura num papelito qualquer, como alguns queriam e que rapidamente esqueciam, mas um gesto especial, sincero, daqueles que ficam para sempre no coração.
Em momentos menos bons recordo aquele sentido aperto de mão, como que a dizer, força, continua.
Aonde quer que estejas, pequeno-grande espectador, Obrigado!
27/07/07
louca por ti

rádio de proximidade






